A ministra da Cultura demitiu o diretor do Teatro Nacional e a diretora da Galeria Nacional, naquilo que a oposição considera ser uma perseguição política no domínio da cultura. Esta medida provocou uma onda de protestos na capital.
Prosseguem os protestos na Eslováquia, na sequência das últimas decisões do executivo do primeiro-ministro Robert Fico, acusado de desmantelar as instituições culturais do país. O número de participantes no protesto anti-governamental de terça-feira em Bratislava foi de 18.000, o dobro do registado na segunda-feira.
“A cultura está a ser desmantelada na Eslováquia” e “a liderança do Ministério da Cultura é arrogante e incompetente”, foram frases que se ouviram nas ruas.
A manifestação foi convocada pelos dois principais partidos da oposição para protestar contra as decisões da ministra da Cultura, Martina Šimkovičová, mas também contra as ações do ministro da Justiça, Boris Susko.
Uma das primeiras ações de Šimkovičová enquanto ministra da Cultura foi retomar os laços culturais com Moscovo, suspensos após a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia em 2022.
Desde então, demitiu o conselho de administração do Fundo Eslovaco para a Promoção das Artes, um organismo concebido para permitir que as organizações culturais se candidatem a financiamento sem terem de se dirigir diretamente ao ministério, retirou o financiamento da Casa da Cultura brutalista de Bratislava e despediu os chefes da Biblioteca Nacional e do museu infantil Bibiana.
Já o ministro da Justiça também enfrentou críticas pelas suas polémicas alterações à lei penal, que aboliram o serviço especial do Ministério Público, reduziram as penas para a corrupção e alguns outros crimes, incluindo a possibilidade de penas suspensas, e encurtaram significativamente o estatuto de limitações.
Na semana passada, suspendeu também a pena de prisão do antigo procurador especial Dušan Kováčik, que foi condenado por corrupção, alimentando ainda mais a indignação pública.
Demissões políticas na esfera cultural
Os manifestantes falam de perseguição política no mundo da cultura. Os dois artistas despedidos receberam apoio de várias instituições culturais e artistas da Eslováquia e da República Checa.
Em resposta a estes desenvolvimentos, a Ministra da Cultura afirmou que tanto a oposição como os órgãos de comunicação social querem desacreditá-la.
Ao contrário das anteriores manifestações, o protesto de terça-feira não contou com discursos de políticos, centrando-se antes nas vozes do povo.